quarta-feira, 7 de abril de 2010
DROPS - Jornalista
Bonita a imagem né? Bucólica. O sonho acalentado de jornalista da minha geração, aquele clima noir, um Clark Kent de plantão.
Mas tiradinhas curtas sobre a profissão são mais interessantes e as que eu recordar, publico.
Minha primeira pauta - eram férias de verão e como não era dada ao litoral, resolvi encarar como seria minha futura profissão. Jornal Curitiba Hoje, numa garagem da João Negrão. Chefe de redação: Fernando Fanucchi, o melhor de todos. Foi dada a missão de eu cobrir o Plano Bresser, no Sindicato dos Economiários. Assim, eu tonga de tudo, numa perua com o fotógrafo, um bloquinho e morrendo de medo. Cheguei atrasada, fiquei em pé, um monte de jornalistas fazendo perguntas e eu só anotando tudo sem entender nada. Terminada a coletiva, sala vazia, tive vontade de sair correndo. Uma colega do Indústria e Comércio se aproxima "cria do Fanucchi?" Falei um sim gemido. Ela ficou do meu lado, me explicou tudo, deu telefone se precisasse de algo e se despediu "quase ninguém entendeu o que aconteceu aqui hoje". Alívio? Não. Cheguei na redação e disse que era incapaz de escrever. O velho chefe disse que não tinha pressa. Acho que foram umas 20 laudas em papel carbono para o lixo. Nem lead saia. Mas saiu. Toda editada lógico, mas a matéria saiu e fui eu. Em uma semana ganhei uma coluna sobre Literatura, só porque estava numas de Edgar Allan Poe.
HIPNOTIZADA - Sim, numa NQM da Tribuna fui entrevistar o Fabio Puentes sobre hipnose, numa clínica que havia instalado em Curitiba. Com a velha dupla, saudoso Buiú e o motorista chegamos à entrevista. Explicações e demonstrações de toda ordem, fui para o desafio. Pensei "jamais vou ser hipnotizada". E não é que o camarada fez com que eu não conseguisse soltar minha BIC dos dedos. Eu tentava, juro, conscientemente e o troço não saia. Resultado: repórter que vira notícia e capa da Tribuna!
COISAS QUE TIVE QUE OUVIR - De um médico: "depois que você fizer a matéria manda para meu e-mail para eu corrigir". Resposta: "o sr. não é meu editor. Seria o mesmo que eu, jornalista, pedir para analisar diagnósticos de seus pacientes"
De um juiz: "pelo presente (vírgula), deixa eu ver como você escreveu"
Resposta: "a anotação é minha, só eu entendo, continue por favor!"
De um brutamontes que acabara de perder o pai num acidente de trânsito: "se tiver um repórter por aqui eu tiro a tapas. Você quem é?"
Resposta: "sou da perícia, não posso sair daqui. Como era o nome da vítima?"
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Adorei as respostas aos entrevistados. Devem te amar de paixão. Parabéns!
ResponderExcluirCuritiba Hoje
ResponderExcluirentrega a sua idade....
Tantas histórias que fazem dessa nossa profissão uma diversão. Me fez lembrar a história de um fotógrafo que uma vez se irritou quando um pintor pediu cópias das fotos dele. "Te dou as fotos e vc me dá dois quadros seus. Fechado?".
ResponderExcluirBjos. adoro seus textos
Josianne Ritz
Eu sei que você prefere o reconhecimento em dinheiro, mas taí alguém que merece os cumprimentos no dia de hoje! Ótimos os Drops!
ResponderExcluirVc esqueceu daquela CRIATURA q tentou "entregar sua cabeça numa bandeja" depois de vc ter passado a noite - de frio - cobrindo rebelião na PCE! Lembra?
ResponderExcluirDemais! Adorei! Espero que minha vida de jornalista me traga aventuras assim.
ResponderExcluirO duro é aguentar ouvir um publicitário me dizendo que ele pode ser jornalista a hora que quiser pois "basta escrever bem".
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ResponderExcluirEu na minha profissão fechada em escritório só posso imaginar como seria viver essas aventuras. Muito boas, alias.
Eu nem falei nd pelo twitter, então digo aqui atrasado mesmo, fazendo valer a intenção: Feliz-Seu-Dia. xD
Eu, sempre atrasada, só vi hoje seu drops.
ResponderExcluirE ri muito, sozinha. E lembrei dos meus causos e de como um dia já tive medo e vergonha na cara! Hahahaha! No mínimo o jornalismo nos ensina a ser cara de pau. E também a ter umas boas respostas na ponta da língua. Perfeito, Ronise!