sexta-feira, 26 de novembro de 2010

E a louca sou eu?


Vejo pelo retrovisor um homem calvo, aparentemente 60 anos, conversando efusivamente com "alguém" do lado, dentro de seu carro. Quando ficamos lado a lado, ele continua a esbravejar, mas noto que não tem ninguém.
E a louca sou eu?
Copeira da repartição canta uma música inteira do Nelson Ned (ela me informou)e me pede para ouvi-la.
E a louca sou eu?
Meu banco diz que meu limite de crédito aumentou, sendo que estou no hiper vermelho.
E A LOUCA SOU EU?

* Situações ocorridas nas últimas 48 horas.
EM TEMPO: depois de escrever esse post, cruzei com um "louco de rua" falando numa linguagem própria em seu celular imaginário. Pasmem!

domingo, 21 de novembro de 2010

Flash de um programinha

A prostituta, provavelmente jovem, de pele morena, minissaia, cabelo preso num rabo-de-cavalo pequeno e botas canos curtos em pleno calor de 30 graus de Curitiba, caminha em passos rápidos, parecendo obedecer o som que ouve nos fones de ouvidos. O homem, que não reparei muito pergunta:
- Quanto?
Ela para imediatamente, senta ao lado dele no banco e dispara:
- 20 reais por uma hora.
- E o que acontece? - indaga o "cliente" com ar comercial.
- Ai depende. Ela conclui e eu continuei a minha caminhada.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Overdose de Activia


Quem me acompanha no blog sabe que tenho uma certa tendência para posts sobre personagens de supermercado. Ontem, na fila, uma mulher toda jeans, sem graça passaria despercebida se não fossem suas compras. Eram seis bandejas com quatro unidades cada de Activia. Na hora lembrei da Patricia Travassos e seu desafio Activia , fazendo aquele movimento circular em torno da região estomacal (tipo "tô trancada há 3 dias e minha barriga vai explodir"), lembrei também da enxurrada de tweets Misturei Activia com ----- e deu -----. Um atentado ao bom senso no Twitter.
Olhei a muher de novo. Magra, branquela, cabelo meio crespo, meio escuro, meio preso. Não sorria. E depois das bandejas de Activia, mais iogurte. Dezenas de iogurtinhos da Danone de morango, um da linha infantil. Pagou com cartão. E lá fui eu no outro caixa.
Encontro novamente a Dona Activia entrando no carro ao lado do meu. Um Honda Civic ultra moderno. E de repente, ela não ficou tão sem graça assim!

Outros post de supermercado você pode encontrar FOI O QUE EU OUVI e A MOÇA DO SUPERMERCADO

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Jogo do currículo (a corrente)

Eu nunca comi lagosta
Eu já comi tatu e carne de veado
Eu nunca consegui ler Nietzsche
Eu já li quase tudo by Bukowski
Eu nunca tive orkut
Eu já tive milhares de cadernos de confidências
Eu nunca tive relação amorosa ou sexual com uma mulher
Eu já beijei na boca de um famosinho
Eu nunca pensei que ia ser mãe de menina
Eu já quis ser uma pessoa completamente só
Eu nunca vi um show do Frank Sinatra
Eu já vi o Robert Plant bem de pertinho
Eu nunca tirei 10 em Matemática
Eu já ganhei um concurso de melhor reportagem
Eu nunca imaginei que faria um post "eu nunca" "eu já"

Parte da corrente do Jogo do Currículo dos blogs Marina W - da Tina e da Caminhante

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Quase tudo sobre minha mãe


Nascida em Itajaí, ela foi a caçula de uma família de uns 18 mais ou menos. Mãe branca, pai comunista e estivador. Ficou orfã com 12 em circunstâncias trágicas para uma criança, vovó se jogou de uma ponte para acabar com a dor da tristeza da recente viuvez. Morou em casa de conhecidos, primos e irmãos, sempre de favor. Ganhou bolsa de estudos para a melhor escola da cidade, de uma ricaça caridosa. Aproveitou a chance e sempre foi a melhor aluna. Exímia datilografa, cintura 58 e se torna secretária do gabinete da Secretaria Municipal de Saúde da cidade.
Juventude de beleza, Rio de Janeiro na década de 60, namoros, vestidos da moda e penteados bolo-de-noiva, mas não se acerta no amor. Conhece um jogador de futebol 10 anos mais novo. Paixão tórrida, escandalosa para época, casa grávida e rompe com os irmãos, radicalmente contra o relacionamento. Ela banca tudo e tem a Ronise em Curitiba. Vive momentos de ouro com a nova família em São Paulo, mas demora a se acostumar com a vida de "viúva de marido vivo".
Na segunda gravidez, sofre constantes ameaças de perder o bebê, cuida da sogra e tem outro parto normal. Guerreira. Nasce Mireille e ela mima a prematura até fazer a mais velha cometer atos extremos de ciúmes, como "vender" a irmã para a vizinha.
Quando menos esperava, ficou grávida do menino, de nome Juarez, como o pai. Presente para o marido amado. Nasceu na véspera de Natal e quatro horas depois do parto, comia churrasco no quarto da maternidade.
Criou os três filhos com disciplina e amor. Sempre nos deu salada e atenção. Não sei como dava conta de tudo. Ficou anos sem ir a um salão de beleza, economizando tudo o que podia para comprarmos a casa própria. Quitou em dois anos. Empreendedora. Mulher de fé inigualável. Teimosa nível master. Fazia pães, cuques e pimentão recheado com carne como ninguém. Era a rainha da festa em Santa Catarina. Reatou com as irmãs depois de anos, e eram magníficas juntas, mas sempre tinha alguma rinha depois dos encontros. Normal.
Levou golpes fatídicos no coração e não foram causados pela hipertensão, sempre muito bem controlada pela alimentação e exercícios físicos regulares, foi ficando triste, magrinha, guardando mágoas e dúvidas, mas antes disso, viveu a alegria de ser avó. Com a mais velha, a Manuella, cuidou como mãe e manteve uma cumplicidade ímpar. Acompanhou Alice, mas já não conseguia pegá-la no colo. E o Noah, foi responsável pelos raros sorrisos dos últimos tempos.
Despetalou, murchou e quis assim. Rosa, Rosa, Rosa, infinitamente, Rosa. E choro, porque a saudade ainda dói!

sábado, 6 de novembro de 2010

O tweet da semana (6 de novembro)


A parada foi dura, mas achei o tweet da @cdiurno muito apropriado pela discussão dos adesivos "família" nos carros. Também vale a dica do blog dela AQUI

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A perua que mora em cada mulher


A cena ai é da Marília Pera interpretando a Rafaela, a perua rica, que empobrece na novela Brega e Chique, exibida pela Rede Globo em 1987. Obrigada a morar na periferia, tem um capítulo que a perua vai à feira com casaco de vison. E como tem peruarafaela na praça! Sem dinheiro para cafezinho, mas de bolsa, óculos e maquiagem de grife.
Eu não nasci perua, apesar de ter vindo de um ventre que peruou quando moça. Reza a lenda, que mamis tinha uns 40 pares de sapatos e foi modelo de cabelos bolo-de-noiva em salão chique de Copacabana nos idos de 60. Sei que era enfeitada quando bebê, sempre impecável, vestidos engomados, sapatinhos de fivelas e fru-frus, talvez esse excesso, tenha causado minha aversão a super produção na adolescência.
Dos 12 aos 18 anos, fui de básica a riponga. Usei até roupa de bandagem e chapéus com flores vendidos na feirinha do Largo da Ordem, principalmente na época do teatro amador. Quando migrei para Gross Point, Tenesse, encarnei o modelito anti-fêmea, muita calça jeans e comander. O protótipo da estudante de Jornalismo. As peruinhas que se maquiavam eram tidas como as burrinhas. Puro preconceito, reconheço. Mas, tinha uma colega que colocava quilos de base, rímel e batom vermelho, fazia escova para ir à prática desportiva 8 horas da manhã. Adivinhem? Hoje é colunista social. Essa conhecia seu talento (pigarros).
Depois de formada, fui emagrecendo e ficando mais mulherzinha, mas sem mulherzices. Entrei na fase das "mudernas", designação que dei àquelas que se vestiam a la Mundo Mix. Muita plataforma e roupa customizada, mas não sou prendada com agulhas e fios, então, sobrava para a irmã, expert em peruices.
Mais mulher, optei pelo básico - mas fiquei muito old scholl, porém, comecei a pintar as unhas com mais frequência, vermelho, minha cor favorita. Ai veio a maternidade, mãe de menina e o que aconteceu? Corte de cabelo clássico, mais vestidos e salto alto. Baixo astral sem salão de beleza. É, mais cedo ou mais tarde a perua faz o seu glu-glu! Mas atitude perua não é pejorativo, quando se trata de autoestima. Em caso contrário, acho futilidade da cabeça aos pés!

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Reciclagem para uma nova era


Não posso manter a promessa do silêncio, pois não sou muito quieta. Quando estou calada é porque estou muito P da cara, e não é o caso. Mas, preciso me preparar reservadamente para uma nova era, onde não serei mais mãe de bebê, talvez não trabalhe no mesmo lugar e não mantenha algumas relações pessoais.
Essa reciclagem é fruto de reflexões sobre o processo cada vez mais aguçado da maturidade, que, com certa pretensão, considera que mudanças podem ser feitas sem mágoas, heroismo ou grosserias.
Não é fase para bate-boca, embora pessoas e situações me provoquem, como demônios a uma santa, que resiste em cometer o pecado mortal. É preciso formar camadas de força, de sabedoria e de equilíbrio, mas tem que ser com leveza também.
Pretendo brevemente extirpar o mau-humor alheio e contínuo; o salário ruim; as relações pueris, mesmo que sejam virtuais e de quebra, uns cinco quilos. Amém!