sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A perua que mora em cada mulher


A cena ai é da Marília Pera interpretando a Rafaela, a perua rica, que empobrece na novela Brega e Chique, exibida pela Rede Globo em 1987. Obrigada a morar na periferia, tem um capítulo que a perua vai à feira com casaco de vison. E como tem peruarafaela na praça! Sem dinheiro para cafezinho, mas de bolsa, óculos e maquiagem de grife.
Eu não nasci perua, apesar de ter vindo de um ventre que peruou quando moça. Reza a lenda, que mamis tinha uns 40 pares de sapatos e foi modelo de cabelos bolo-de-noiva em salão chique de Copacabana nos idos de 60. Sei que era enfeitada quando bebê, sempre impecável, vestidos engomados, sapatinhos de fivelas e fru-frus, talvez esse excesso, tenha causado minha aversão a super produção na adolescência.
Dos 12 aos 18 anos, fui de básica a riponga. Usei até roupa de bandagem e chapéus com flores vendidos na feirinha do Largo da Ordem, principalmente na época do teatro amador. Quando migrei para Gross Point, Tenesse, encarnei o modelito anti-fêmea, muita calça jeans e comander. O protótipo da estudante de Jornalismo. As peruinhas que se maquiavam eram tidas como as burrinhas. Puro preconceito, reconheço. Mas, tinha uma colega que colocava quilos de base, rímel e batom vermelho, fazia escova para ir à prática desportiva 8 horas da manhã. Adivinhem? Hoje é colunista social. Essa conhecia seu talento (pigarros).
Depois de formada, fui emagrecendo e ficando mais mulherzinha, mas sem mulherzices. Entrei na fase das "mudernas", designação que dei àquelas que se vestiam a la Mundo Mix. Muita plataforma e roupa customizada, mas não sou prendada com agulhas e fios, então, sobrava para a irmã, expert em peruices.
Mais mulher, optei pelo básico - mas fiquei muito old scholl, porém, comecei a pintar as unhas com mais frequência, vermelho, minha cor favorita. Ai veio a maternidade, mãe de menina e o que aconteceu? Corte de cabelo clássico, mais vestidos e salto alto. Baixo astral sem salão de beleza. É, mais cedo ou mais tarde a perua faz o seu glu-glu! Mas atitude perua não é pejorativo, quando se trata de autoestima. Em caso contrário, acho futilidade da cabeça aos pés!

10 comentários:

  1. Nunca fui perua e não sei se tenho o dom. vejo minha irmã e algumas amigas, que tem quilos e quilos de pulseiras, colares, brincos, 3 necesséries de maquiagem e vejo que não tenho todo este potencial. As unhas eu sempre adorei fazer e me sinto mal quando estou sem meus vermelhos nelas. Já maquiagem, tenho a maior preguiça do mundo de fazer diariamente e só faço nos finais de semana, quando estou com tempo. E o cabelo curto... ai que maravilha! Precisa de tão pouco pra ficar bonito que me tranquiliza! ahahhahaha

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  2. Eu acho que toda mulher é perua sim, o que falta é dinheiro para finaciar tudo o que precisa: depilação, massagem, cabelos, unhas e muito shopping.

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  3. Ronise, minha querida, nunca tive potencial pra perua e nunca terei. Hoje estou de jeans surrado, regata e tênis, a roupa mais confortável do mundo. E, muitas vezes nem sei se combina esse visu com a idade (quase 40) mas eu me sinto bem. Pra mim, de uns anos pra cá, conforto é tudo, sentir bem, idem. Sempre fiz e sempre farei as unhas. Questão de asseio antes de quealquer coisa. Adepta dos vermelhos em unhas, batons e roupas, é ele quem dá cor à minha vida. Mas, peruísse pra mim é a pessoa perder totalmente a noção de gastos e excessos, e ainda perder o tempo - preciosidade - discutindo e indicando produto de beleza! Pouco me importa se o batom é Avon ou Lancôme, se frequento o Salão da Fía ou o Stylo, o que me importa é que eu me sinta bem.

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  4. Minha mãe sempre foi básica e eu só tinha irmãs. Então nem sabia me arrumar. Com a idade estou emperuando, mas devagarinho. Porque não tenho conta bancária e nem lifestyle pra isso.

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  5. Ai! Sera q emperuo agora q sou mãe?! Tomara viu?! Sou relaxada! Mas sabe q to pensando em pintar o cabelo?

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  6. Então, eu tbém nunca fui mulherzinha sabe? Sempre andei de all star, calça larga e regatinhas. No tempo de escola filava os moletons do meu irmão três números maiores e ia pra escola de boa. As coisas não mudaram muito, em relação a roupa, acho um absurdo gastar muito com isso. Agora, sempre faço a unha no salão pq eu não tenho a moral de pintar em casa, mas o meu cabelo, quem corta é minha amiga arquiteta!

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  7. Eu sou uma mulher de fases. Já fui do tipo largada, do tipo menina-moleca, do tipo róquinrrol, do tipo allstars, do tipo cult-e-foda-se-a-ditadura-da-beleza. Hoje eu sou eu. Visto o que gosto, o que valoriza o meu corpo. Gosto de me sentir bem, de ter alguns olhares atraídos pra mim. Gosto de mulheres elegantes, cada uma no seu estilo. Moda? Tenho preguiça. Ser feminina pode ser muito vantajoso e interessante, e não falo só de conquistas, flerte ou seduação. E sempre acho que o menos é mais!

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  8. Conheço mulheres que na fase intelectual ridicularizam as “vaidosas”. Depois, estas mesmas caem de amores pelos “pecados da sociedade de consumo”. Pergunta o peru no chá das peruas: estaria naquele discurso anti-shopping uma perua reprimida?

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