sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Yuri, o conquistador


Além do horrível nome de Yuri, ele era magro-minhoca, nariz torto, super polaco e de voz esganiçada. Porém, determinado a me conquistar. Eu tinha 15 anos e jamais daria bola para um cara desses, ainda mais morando no bairro. Eu não era nenhuma engraçadinha do Nelson Rodrigues, mas atraia olhares masculinos mais interessantes, embora minha preocupação fosse sustentar meus amores platônicos, sempre eles.
Mas, Yuri devia sonhar com o dia em que eu haveria de ser sua namorada. Desfilar com a menina de pernas grossas na missa de domingo, comer maionese morna com os polacos e outros desejos similares. O triste é que Yuri não tinha a mínima noção que eu não era namoradeira, não ia mais à igreja e pirava com garrafinhas de vodca de amostra grátis e rock'n roll, no meu universo, o meu quarto.
Então, cansado da minha indiferença, Yuri apostou alto. Num domingo, 8 horas da manhã, ele toca a campainha da minha casa. Mamãe já estava acordada e preparava o café. Muito simpático e fazendo o estilo moço de família, convenceu minha mãe a abrir a porta e ficou sentado no sofá da sala. "Ronise, acorda, o Yuri está ai", i-na-cre-di-tá-vel, mas minha mãe foi me chamar. Resmunguei e ela insistiu. Começamos a discutir, e, de repente, um barulho de motor de carro na frente de casa. Sai do quarto, com uma camisola transparente e o Yuri sorridente buzinando num mustang amarelo. "Vim te buscar para irmos ao desfile da Festa de Santana". Essa "festa" é coisa da paróquia, dos polacos católicos do Abranches, que eu, recém descrente de tudo na minha adolescência, abominava. Vendo Yuri todo empolgado na caranga ridícula, porque na verdade não era um mustang, mas algo parecido, fake de mustang, com uma calça social, cabelo lambido e sorriso de idiota na cara, eu não pude perder a chance do massacre. Mesmo avessa aos palavrões (naquela época), mandá-lo a merda foi o mais simpático dos meus xingamentos.
Yuri saiu desolado. E eu satisfeita pelo sumiço do rapaz. Não deu 1 ano, Yuri se casou, segundo a vizinhança, vendeu o carro e foi para o interior. Que seja feliz!

10 comentários:

  1. Ai tadinho do Yuri...rs
    Bjks para vc flor!!!

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  2. Ô minha amiga, quanta maldade! hahahaha
    Mas... no seu lugar teria a mesma atitude.

    E, eu nem acho Yuri um nome feio. Coisa de russo. Enfim, dei risada!

    Bjks

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  3. Oiee! Ri muito com a história hehe! Lá em casa quem colocava os meus pretendentes pra correr era o meu pai! Tempo bom! =D beeeijo

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  4. Obrigada pelas risadas da manhã! Apesar da pena que eu quase senti do Yuri...hahaha

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  5. Oloco. A dor de cotovelo dele foi poderosa! Santo despeito. ahahaha
    Você e suas histórias maravilhosas... Rolo de rir.
    ;D

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  6. Mas que mala, esse Yuri. O negocio dele casar quase que imediatamente soa tao cliche, neh?

    Adorei!

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  7. Ta aí outro Yuri (não o Gagarin) que foi para o espaço. Aposto que Yuri ainda pensa nesse episódio com aquela pontada de despeito no coração.

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  8. Ah, Ronise, como sempre, vc com as suas observações observadoras!

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  9. hahahaha..aquele q nao correu atras de uma garota que atire o primeiro porre!!

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  10. hahahahaha pelo menos o pobre se casou! p.s: encerrei a conta estava ficando muito viciada hahaha) beijooos

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