terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Um telefonema surpreendente


No segundo toque do celular, identifiquei a chamada.
- Oi amiga! tudo bem? quanto tempo. Sumida.
- Tudo bem Rô. Você pode falar?
- Claro, está tudo bem?
- Preciso me desabafar. Preciso falar isso para alguém, senão eu vou explodir.
- Diga. Alguma coisa grave?
- Hum...É...bem...
- Você quer tomar um café, sair para a gente conversar?
- Não! preciso falar agora.
- Ok.
- Estou perdidamente apaixonada. Louca. Delirando.
O diálogo vai ser interrompido pela narrativa, para explicar que a amiga era casada há dois anos, depois de cinco de namoro. Sem filhos.
- Guria! Não acredito!
- Sim, começou com uma conversinha boba...ele trabalha comigo. Não no mesmo setor, mas a gente se vê praticamente todos dos dias. Dai partiu para os almoços todas as terças, MSN, essas coisas sabe?
- Hum, sei! E dai? Ele sabe que você é casada?
- Sim, sabe, sempre conto de mim e do Fulano. Ele sabe tudo. Somos amigos. Ai Rô, ele é tão inteligente, divertido, querido, charmoso...
- Você e o Fulano estão bem? Sabe como é...casamento é casamento. Altos e baixos. Como aquele emprego público que todo mundo sonha: quem tá dentro quer sair, quem tá fora quer entrar.
Eu e minhas filosofias de almanaque Sadol.
- Não posso reclamar do marido, mas está aquela coisa sem sal. Entende?
- Aha!
- Mas tem uma coisa horrível sobre essa minha, digamos, paixonite.
- O quê? Ele é casado?
- Não, já foi, agora é separado.
- E...
- Nem sei como falar, mas preciso.
- ...
- Ele é...é...é gay!
Depois de mais uma hora de conversa telefônica, filosofias e conselhos, posso dizer que hoje, minha amiga se libertou da paixonite, que durou coisa de dois meses. Foi um encantamento, uma carência, muitas vezes sentidas, no canto esquerdo do matrimônio.

*Qualquer sintoma parecido, pode ligar!

2 comentários:

  1. Surpreendente, engraçado e deprimente

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  2. bah! isso aconteceu mesmo ou é licença poética?
    marco jacobsen

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