terça-feira, 9 de março de 2010

Jornalista: ser ou não ser, eis a questão


Eu tinha 14 anos. Estudava no Colégio Decisivo, onde hoje é uma super-mega-hiper loja de material de construção, na Praça Rui Barbosa. Achava que iria ser médica, muito mais pela influência familiar, do que algum desejo ou aparente vocação. Nessa época já escrevia contos, poesias e tentava disciplinar a escrita por meio de diários.
Precoce, estava um ano adiantada da turma e participei de um concurso de redação, com alunos do antigo 2º grau. Eu cursava o primeiro ano. Minha "obra" ficou em segundo lugar, e, a partir desse momento, meu professor de Literatura, o Vianna, começou seu processo de abdução mental numa cabeça adolescente, a minha!
Recortava matérias da Folha de São Paulo e fazia com que eu as reescrevesse. Meus primeiros copydesks, que pretensão!
Pronto! Achar uma profissão compatível com meu suposto talento. Achei! Ser jornalista. E a partir de então, a idéia virou sonho, objetivo, obsessão. Meus pais contra.
Fiz o primeiro vestibular na Federal do PR, só havia essa instituição com o curso de Jornalismo aqui em Curitiba, 28 vagas e 40 por um. Não passei. No ano seguinte, tentei na Estadual de Ponta Grossa, a centos e poucos quilômetros da capital. Passei!
Fiz toalha bar, pesquisas eleitorais, estágio no Diário da Manhã e começou minha saga jornalística. Me formei, mas não participei dos fru-frus de formatura. Coisa de rebelde sem causa.
Breve currículo: sucursal JB, Indústria e Comércio, Curitiba Hoje, Correio de Notícias, Apollon Mussagete, Revista Skate Session, Jornal do Estado, Tribuna e Estado do PR, Gazeta do Povo, Medianeira, Dom Bosco, campanha PT prefeitura 1ª fase, Governo do Estado, freelas mil. Também, são quase 19 anos de estrada!
E o salário? O mesmo de um recém-formado. De um mestrando na área, menor do que os apresentadores do JN e de quem tem jornada dupla, tripla, etc, etc.
Gosto do que faço? Sou realizada? Sim, gosto muito do que faço, amo ser jornalista, mas chego a conclusão que foi uma escolha franciscana.
Ainda sinto frio na barriga quando vou cobrir uma pauta complicada; ainda vibro quando minha matéria é manchete, ainda acredito que debater, criticar se avaliar é importante para o desenvolvimento do jornalista, mas e eu? Jim Morrison citou, pelo menos no longa Doors do Oliver Stone, que as pessoas não querem somente uma casa própria e férias de verão. Sorry Lizard King! Eu quero uma casa própria e férias de verão, mas com essa realidade da minha profissão está difícil!
*** FIM DA PRIMEIRA PARTE ****

3 comentários:

  1. Acho que eu toda a profissão há momentos de crise e o que precisamos de de uma reavaliação das nossas posturas. Se jornalista ganha mal, acredito que isso já era conhecido quando você fez essa escolha, mas existe outras alternativas. Ou não? Boa-sorte!

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  2. Eis que começamos a descobrir as coisas que nos unem nessa vida, além da profissão, é claro. Também estudei no Decisivo. Também fui aluna do Vianna. Ele foi o segundo professor a "investir" na minha suposta vocação. O promeiro foi o prof de português da 5ª à 8ª, o Salata. Hoje penso que poderia ter feito milhares de outras coisas e que gostar de escrever não significa, necessariamente, que se deva investir em jornalismo. Mas, amo a minha profissão. Sou feliz no que faço, só não vejo mais o jornalismo com as lentes cor-de-rosa que via antes.

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  3. É por essas e outras que migrei para o mundo corporativo... mas nem tudo são flores...em nenhum dos lados. saudades amiga. temos muito o que conversar.

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