terça-feira, 23 de março de 2010

Patetices (claustrofia)


Quem não faz suas patetices? Mas com o advento da personagem de Renée Zellweger, Bridget Jones as situações tragicômicas se tornaram menos vexatórias. Ou não? Sei lá, acho que passar por um vexame ganhou um certo charme, estilo ou termo que o valha.
Para tirar a zica desse dia que está mais para lá do que para cá, vou recordar uma das situações mais saia justa pela qual passei. Eu devia ter 19 anos, era estudante de Jornalismo em Gross Point - Tenesse. Todas as segundas às 10h30, pegava o ônibus da linha Princesa dos Campos da Rodoferroviária de Curitiba rumo ao Tenesse. Sempre fazia xixi no banheiro da rodo, porque tenho pavor daqueles cubículos de ônibus, mas nesse dia, no meio da viagem, me deu uma vontade incontrolável de mijar.
Cantei mentalmente o álbum inteiro dos Beatles, Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, mas tive que levantar e enfrentar o martírio. Atravessei metade do ônibus e encarei olhares daqueles que diziam "vai fazer xixi-i, vai fazer xixi-i". Entrei, cheiro de pinho e outro desafio: tranco ou não tranco a porta? Tenho claustrofobia e verdadeiro pavor de trancar portas, especialmente as de banheiro. Resgatei minha educação católica, fiz o sinal da cruz e não tranquei. Ao trabalho, abaixar a calça jeans, a calcinha e fazer xixi. Bravo! Tudo feito direitinho, quando scrchhhhhhhhhhrrrrnsssttttttttttttssssss (barulho de freada brusca), bato a cabeça na porta que se abre, e vou como uma mulher-bala até o corredor do ônibus com as calças na mão. Pára tudo! Normal. Silêncio. Por sorte já havia puxado a calcinha, mas estava com o bundão à mostra para uns 39 passageiros.
Respirei fundo, não olhei para ninguém, o silêncio continuava e voltei marcha-a-ré para o banheiro. Pensei "e agora? não volto nem a pau" e ouvia os risinhos contidos daqueles que assistiram a cena. Olhei para o relógio, ainda faltavam 45 minutos para chegar. E se alguém batesse na porta? Resolvi tomar fôlego e enfrentar a platéia. Cabeça erguida, passos largos e na poltrona. Sentei e fechei os olhos simulando um sono pesado, até que dormi de verdade. Quando acordei, já estava na rodoviária de Gross Point e decidi que seria a última a desembarcar do ônibus. Com a mochila nas costas, desci as escadas soberba. O motorista deu um risinho e comentou "que sono hein!" Dei um riso amarelo, mas fiquei aliviada ao saber que não falou nada do episódio do banheiro. Só entendi depois, ao perceber uma rodela imensa de baba na minha camiseta rosa, perto do ombro.

9 comentários:

  1. Acho que nem a Bridget Jones conseguiria fazer isso

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  2. Foi mal, cunha, mas tenho que rir dessa!
    Muito bem contado, aliás.

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  3. Sério, essa foi MUITO boaaaa! Ri horrores!!! Hhuauhauhuhauha....

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  4. Ronise, eu ri muito, muito mesmo.
    Só vc pra passar por uma situação assim! hehehehehe

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  5. Vc superou, com estilo, todas as patetices q eu conhecia!!! O importante é manter o ar blasé depois....

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  6. ANÔNIMO: Lógico que a Bridget fez mais patetices que eu. Lembra dela saltando de pára-quedas com bundão em close up, enquanto fazia uma reprtagem ao vivo e caiu num chiqueiro?
    JAMIL: obrigada! vindo de vc é realmente um elogio
    ALINE: era para rir mesmo. Uhu! objetivo alcançado
    CRISTIANE: isso ainda é café pequeno, tem mais pela frente...
    DANI: naquela época eu não sabia ser blasè, aliás, acho que nem sabia o que era isso

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  7. Cara você deveria ter mandado essa história pro Fantástico, naquele quadro da Denise Fraga...Com certeza seria o mico premiado....Objetivo alcançado com certeza...me matei de rir...Beijos

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  8. hahahahaha adooooooro. eu ia morrer de vergonha!

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