quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Administração feminina

O tema é antigo. Antigo desde que as mulheres se libertaram dos sutiãs, mas em compensação abraçaram o mundo. O mundo delas, dos homens, do mangue e do cais do porto, do eterno amor pelo Chico e nesse caos administrativo da vida da mulher, a "rainha" da família eu me pergunto: como é que nossas mães davam conta?
E não me venham falar que antigamente o trânsito não era caótico, porque, mesmo se levar esse item em consideração, elas tinham mais que um filho. Mais que dois, a média eram 3.
Eu tenho uma e precisa de uma baita logística para que tudo funcione. Isso porque onde moro, trabalho e a escola da menina ficam num raio de 5 quilômetros. Tudo perto. E o mercado, a casa, as contas? E meus exercícios físicos (abandonados desde agosto) e ficar bonita (missão árdua) e ser a gostosa do marido, e ler, e estar atenta as redes sociais, e sair com os amigos e aguentar os blá- blá, blás das agruras familiares?
E pegar dicas de makeup sem parecer fútil, tirar o talinho do meio do alho para não "amargar" e ligar para uma tiazona que vai dar o macete para tirar a mancha da roupa nova. E depois, fazer as contas para ver se pode chamar a diarista ou vai ter que dar uma de "maria" na folga do plantão. E o plantão? Milimetricamente esquematizado, com o passeio com as amiguinhas da filha, a ida à farmácia e deixar a bolsinha da criança pronta.
Todos os dias tem a recompensa da louça lavada pelo marido, a paciência da filha nos 1679 mil eu te amo, mas, até quando? Com esse ritmo de CEO do lar, do trânsito, do salão, do trabalho, sobrou pouco tempo para algo chamado in-di-vi-du-a-li-da-de.
Esse fenômeno não é algo que percebo sobre minha vida, mas, dos recorrentes comentários das mulheres do século XXI. Qual o caminho? os comandos em altos cargos? os blogs feministas e maternos xiitas? a dondoquização?
Acho que a tal da mulher moderna queria um pouco de tudo isso sim, mas não se deu conta de que para administrar todas essas atribuições, precisa de gerência, supervisão e produção. E isso, uma só faz tudo. Por essas e outras algumas mulheres, assim como eu, desaprendeu a descansar sem culpa e a isso chamou de procastinação - a velha culpa cristã.

5 comentários:

  1. Sinceramente,acho que o homem ainda não esta devidamente inserido no novo contexto da familia moderna.Essa divisão de tarefas pode e deve ser ampliada.Por que não estabelecer um revezamento?Por experiencia propria,acho que homem faz muito pouco em relação as tarefas familiares,não se acostumou a dividir,nem a renunciar certas regalias.

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  2. Tirou o texto da minha alma

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  3. As vezes penso que perdemos o controle de nossas vidas para controlar todas as coisas que nos cercam.

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  4. Eu adoro o jeito que você escreve. Sério, parece que foi escrito assim, de supetão, ao mesmo tempo tem ritmo e fica perfeito.
    Simone
    @caramujo_

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  5. Pois é, preciso concordar com o Elias sobre inserir o homem no contexto da casa, da família. Eles só 'ajudam' e nem de longe, fazem 'a parte deles'. Um pouco por nós, outro tanto pela criação. O que eu delegar meu marido faz, mas, quando é que me sobra tempo pra pensar em delegar? Vou lá e faço tudo sozinha, o que é péssimo. Estou mudando - e ele também, sendo mais atento - mas é dureza. Isso porque não temos filhos ainda...

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