segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Sonhos na Biblioteca


Hoje passei ao lado e em frente a Biblioteca Pública do Paraná. Fui tomada de uma nostalgia, das lembranças de um tempo e de uma Ronise, que a vida adulta apagou, ou pelo menos, anestesiou. Meus passos ficaram mais lentos, meus olhos vislubraram o prédio de 150 anos, que na minha adolescência, abrigou meus sonhos.
Naquelas salas, vivi minha fase esotérica, procurando livros da iniciação Wicca, em outras alas, descobri Edgar Allan Poe, Umberto Eco, li muito Vinícius, Drummond e entrevistei Ligya Fagundes Telles. Eu ainda era estudante de Jornalismo e produzia matéria para um concurso de um jornalzinho acadêmico, de melhor reportagem. Escolhi como tema, literatura. Em frente a BPP, conversava com um amigo, estudante de Letras da PUC, que sabia tudo sobre Ignacio de Loyola Brandão, outro escritor que seria entrevistado pela aprendiz de jornalista. De repente, aparece ela, Lygia, dá uma palestra e eu com meu gravadorzinho assisto ao teretetê da escritora, uma senhora fidalga, distante, classuda. Afoita, me aproximo e peço a entrevista. Ela me olha soberba e dispara "qual seu signo?". Desarmada digo "Áries". Ela ri e se abre "Eu também sou ariana, adoro a loucura e desata a falar", a entrevista foi maravilhosa e nem preciso dizer que ganhei o prêmio de melhor reportagem, feita com outra colega, cujos créditos prefiro não comentar. Ela queria o troféu, eu, a missão!
Mas, voltando a Biblioteca Pública, senti que os melhores e mais ardentes sonhos eu tive nesse lugar. Imaginava se realmente seria jornalista e se fosse, seria competente? Queria muito fazer parte desse mundo, de ter o domínio da escrita, vencer minha timidez, superar os entraves gramaticais da Língua e por fim, sentir a delícia interna, de quem acredita em si mesmo.
Hoje, andando em frente e ao lado da Biblioteca Pública do Paraná, voltei a sonhar.

Um comentário:

  1. Eu tive o prazer de trabalhar lá por dois anos. Foi um tempo feliz, de compartilhar tudo com muitos amigos feitos naquelas mesas. Apesar de os estagiários sermos proibidos de ler... mas isso é outra história. A BPP, seus habitantes e seus corredores dão uma bela pauta.

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