terça-feira, 19 de outubro de 2010

O peixe e a morte


A primeira imagem que tive da morte, foi com um peixe. Eu tinha quatro para cinco anos e morava temporariamente em Florianópolis. Meu pai era jogador de futebol do Avai, e eu, sua fiel escudeira.
Foi num fim de tarde, daqueles em que sol insiste em ficar. Nós andávamos pela areia, em um lugar onde hoje existe vias rápidas. Ele estava atrás, conversando com um moço negro e eu, com meus passinhos de criança na frente, quando me deparei com um brilho na areia. Era um peixe listrado, colorido, reluzente e morto.
Essa imagem da morte sempre ficou na minha mente. A luz no dorso do peixinho colorido. Eu tentei mexer com o bicho, mas as escamas só ondulavam o brilho mortal. Não me impressionei negativamente e hoje, tento ver essa mesma beleza, na morte, vivência dolorosa, mas que pode ter sua relativa beleza!

2 comentários:

  1. Poética, minha amiga. Triste, mas poética. Não recordo do meu primeiro contato com a morte, mas lembro da minha primeira perda: meu avô paterno. Eu tinha 3 anos e lembro como se fosse hj.

    ResponderExcluir
  2. Que bonito! E toda poesia vem embutida de tristeza. É a vida. E a morte!

    ResponderExcluir